quarta-feira, dezembro 24, 2008

Descobri uma coisa bacana esses dias: livre é aquele que não tem medo do ridículo.

domingo, dezembro 21, 2008



Talvez o maior dos presentes que a Bossa Nova possa ter recebido pelos seus 50 anos de vida tenha sido o novo disco do Tom Zé "Estudando a Bossa - Nordeste Plaza".

Tom Zé nos declama a irreverência escondida debaixo de acordes foscos, misturando ironia e admiração, referenciada pela bossa nova e cuja receita vêm acrescentada sempre de sua própria porção, o que dá um outro "tom" ao legado de João e cia.

Destaque para a música "Síncope Jãobim" onde, numa jogada fabulosa melodia-letra, ele pergunta diante de uma dissonante, "isso não é desafinado?", no que vem a resposta (na nota e na poesia): "é o bim bão do joão"

É para se deliciar.

sábado, novembro 15, 2008

Tenho tido contato - por osmose, como dizem - com o filósofo esloveno Slavoj Zizek. Ele está lançando o livro A Visão em Paralaxe onde ele aborda ontologia, ciência e política. Esta última, enquanto conceito, tem me tomado como nunca. Em uma pequena conversa no mais recente número da revista Piauí, ele destaca:

"Defendi que Chávez incentivava algum tipo de auto-organização nas favelas venezuelanas e, portanto, de discussão política. Isso é positivo, porque os governos de esquerda não fazem política, eles administram a situação social. A política virou café descafeinado. Assim como tiraram o café do café, tiraram a política da política, e ficou só a administração rala".



sábado, outubro 11, 2008

Show

Voz: Ná Ozzeti
Composição: Luiz Tatit/Fábio Tagliaferi


É só uma voz
A minha voz
Sem coral
Cadê o coral

Cantava aqui
Estava aqui
Cadê o pessoal

A música avança
Lança
Em mim
Um gelo geral, solidão

É só uma vez
A minha vez
De fazer
O solo final

Eu entro aqui
Eu entro em mim
Voz principal

Solei, solei
E um coro virtual
Eu ouvia anunciando sem dó
Sou eu, e só

E assim eu refiz meu caminho
Com voz e com muita emoção
O coro virtual eu troquei
Por um vigoroso violão

E quem sonhou
Sofreu, chorou
Pode fazer de uma só voz
Um show

Pode não ser
Um mega show
Um festival com multidões
Mas quem chorou
Já tem na voz
Um show

domingo, setembro 21, 2008

"Se a concorrência, o 'livre mercado', a soma dos pequenos prazeres e os muros que nos protegem do desejo dos fracos são o alfa e o ômega de toda existência, coletiva ou privada, o animal humano não vale um tostão furado".

Alain Badiou

domingo, agosto 03, 2008

Um pedaço de Godard à luz (e ao som) de Nouvelle Vague.

E é sim um videoclip. Sensacional.

segunda-feira, junho 30, 2008

Em uma coisa os orientais têm me impressionado muito. Sempre parece que eles querem dizer algo através do silêncio, do olhar, do gesto.

sábado, junho 14, 2008

Dos maiores petardos oferecidos pelo Youtube até o presente momento: José Saramago e Fernando Meireles logo após sessão do filme "Ensaio Sobre a Cegueira" o qual o segundo dirigiu baseado na obra literária do primeiro.

quinta-feira, junho 05, 2008

Na cidade de Joinville, em Santa Catarina, um homem vestido de Batman (!) invade uma reunião da Câmara de Vereadores no momento em que os legisladores municipais aprovavam uma lei que aumentava em 36% os seus salários.

Mudou-se a sociedade. Mudaram-se as formas de se fazer lei e mudaram-se as formas de se fazer política. Enfim, mudou-se a forma de se criar resistência.

Quarta-feira última, em pleno show de Arnaldo Antunes, uma cena que vivifica o "que se dane o outro" da nossa época do descartável: poucas pessoas que, ao entrar em atraso para o show, quando chegaram para ocupar seus devidos assentos pagos encontraram outras pessoas que haviam sentado com a certeza de que aqueles donos não poderiam aparecer mais. Engano. No momento da luta pelo território, a platéia, em grande número e em uníssono, entoaram belos "quem foi ao ar perdeu o lugar", "no chão! no chão!", "o show é às nove, não é às dez". Não houve quem tirasse os larápios de plantão por nada. O show começou e os já não donos mais desapareceram em meio à multidão julgadora.

Gosto de acreditar que um batman como o catarinense poderia oferecer algo de resistência, nem que fosse uma simples interrogação, dentre a norma, nesse caso, do objeto-território de pertencimento nômade, se o sujeito fosse fã do Arnaldo.

Que voltem à ativa nossos super-heróis.

sábado, maio 31, 2008

As palavras:

piscam
fincam
desnorteiam
criam
são volúteis
comutam
dispersam
fecundam


À "A Vida Secreta das Palavras"
filme de Isabel Coixete.

Uma ode ao estar consigo mesmo. De várias maneiras.

terça-feira, maio 20, 2008

Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, maio 11, 2008

"Tudo que você vê em mim está em você. Se você quiser ver um assassino cruel, é isso que verá. Se me vê como um irmão, é isso que serei. Tudo depende de quanto amor você tem".

Charles Manson, famoso assassino norte-americano obcecado por Beatles que, no final da década de 60, dentre outros crimes, ordenou a morte da atriz Sharon Tate, esposa de Roman Polanski, grávida de 8 meses, em entrevista à revista Rolling Stone, pouco antes de seu julgamento em 1969.
A Marchinha Psicótica do Dr. Soup
(Júpiter Maçã)

Antes de nada eu gostaria de explicar
Segue agora um mosaico de imagens mil
Chamado "A Marchinha Psicótica do Doctor Soup"

A noiva do arlequim e o malabarista
chegaram juntos com a fada e o inspetor nazista
Chacretes e coristas em teatro de revista
Bem-vindos a orgia niilista
Ai que gostoso, que delícia, muito mais paulista
Anunciados o homem-bala e a mulher canhão
A musa do pinóquio era bolchevista
A mais formosa melindrosa pega na suíça
Suíça pra ela era pegar rapaz

E pra provar minha querida, o meu amor tão radical
Eu escrevi essa marchinha para tocar no carnaval
O milênio passaria, e a marchinha seguiria sendo cult, underground...
Mas até 2020 seria revisitada e virar hit nacional...

O timbre do caetano é super bacana
Não pense que eu estou copiando, que eu sou banana
Peguei emprestado pras artes da semana
Abrindo as portas da percepção
Um tal de Aldous Huxley de cara ficou doidão
Tomando toda a solução.
Doidão é apelido para a paranóia
Toda jibóia, toda bóia, toda clarabóia
Querida, que tal baixar o televisor?
Deitado no divã com Woody Allen
Eu tive um sonho com aquele estranho, velho alien
Que era cabeça Bob Dylan, barba Ginsberg, Allen

E pra provar minha querida, o meu amor tão radical
Eu escrevi essa marchinha para tocar no carnaval
O milênio passaria, e a marchinha seguiria sendo cult, underground...
Mas até 2020 seria revisitada e virar hit nacional...

quinta-feira, maio 08, 2008

Clarices






segunda-feira, abril 14, 2008

"Os métodos de identificação dos sujeitos no mundo contemporâneo, em que o Outro é inconsistente, prescindem cada vez mais da palavra. Decorrente da precariedade constitutiva, a busca de um complemento identificatório para o sujeito poderia ser pensada tanto na vertente simbólica, como complemento significante, quanto referida à materialidade do gozo. Outra vertente poderia estar no nível do traço, anterior à representação do sujeito no nível significante, em que a identificação se daria a partir das pistas, das pegadas, ou até mesmo do que cai de um corpo".

Ram Mandil, resumo do seu texto: A psicanálise e os modos contemporâneos de identificação

sábado, abril 12, 2008

Sempre gostei de "listas dos melhores do ano".
Através delas tive bons encontros.

Quando era adolescente, viciado em videoclipes e (sempre!!) em música, eu e um primo constituíamos todo ano tops 20, 50, até 200 do que assistíamos e gravávamos. Apresentávamos eu a minha lista pra ele, ele a dele pra mim. Numa solidão compartilhada e divertida. Passamos anos a fio conduzidos por essa pequena paixão. Tenho pastas e pastas guardadas com todas as listas que fiz.

Tive, há alguns meses, a oportunidade de voltar ao passado. Descobri, ao formatar meu computador, que adquiri a versão mais nova, acredito eu, do Windows Media Player. No primeiro dia de uso me deparo com um fato extasiante:você pode dar nota (em estrelas, como acontece nas boas críticas especializadas) para cada música que você estiver escutando. E o mais legal: ao final, você consegue saber a nota média da lista de músicas que você escolheu para reproduzir. Por exemplo: eu seleciono um disco. Enquanto escuto cada música atribuo a nota clicando no número de estrelas desejado. Ao final das músicas, assim que o programa parar a reprodução você, sem clicar, coloca a seta do mouse em um espaço localizado acima da lista de músicas. Nesse momento ele informa o número médio de estrelas obtido por aquela lista, ou seja, qual a nota do disco.
Me deliciei com isso. Agora, sei as notas de cada disco que escuto. Sem pastas. Tecnologicamente mais viável.

Com muito prazer, revivendo uma paixão (com a oportunidade de não deixá-la mais restrita), apresento a minha lista dos melhores de 2007 (com o número de estrelas especificado ao lado):

01 - The Reminder (Feist) 5,00
02 - In Rainbows (Radiohead) 4,75
03 - Era Vulgaris (Queens of the Stone Age) 4,75
04 - Year Zero (Nine Inch Nails) 4,75
05 - Fome de Tudo (Nação Zumbi) 4,75
06 - Duos (Lanny Gordin) 4,75
07 - Futurismo (Kassin +2) 4,75
08 - Amor e Caos (Ana Cañas) 4,75
09 - Sound of Silver (LCD Soundsystem) 4,50
10 - Sky Blue Sky (Wilco) 4,50
11 - Favourite Worst Nightmare (Arctic Monkeys) 4,50
12 - Comicopera (Robert Wyatt) 4,50
13 - The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford (Nick Cave & Warren Ellis) 4,50
14 - Myth Takes (!!!) 4,50
15 - Hissing Fauna, Are You the Destroyer? (Of Montreal) 4,50
16 - Heavy International (The Eternals) 4,50
17 - Neon Bible (Arcade Fire) 4,25
18 - Memory Almost Full (Paul McCartney) 4,25
19 - Cease to Begin (Band of Horses) 4,25
20 - Ga Ga Ga Ga Ga (Spoon) 4,25
21 - Because of the Times (Kings of Leon) 4,25
22 - The World Has Made Me the Man of My Dreams (Me´shell Ndegeocello) 4,25
23 - Songs III: Bird on the Water (Marissa Nadler)
24 - Cookies (1990s) 4,25
25 - Onde Brilhem Os Olhos Seus (Fernanda Takai) 4,00
26 - Volta (Bjork) 4,00
27 - Pocket Symphony (Air) 4,00
28 - The Black and White Album (The Hives) 4,00
29 - Unkle Dysfunktional (Happy Mondays) 4,00
30 - White Chalk (PJ Harvey) 4,00
31 - Icky Thumb (White Stripes) 4,00
32 - Young Modern (Silverchair) 4,00
33 - Under the Blacklight (Rilo Kiley) 4,00
34 - Graduation (Kanye West) 4,00
35 - New Magnetic Wonder (The Apples in Stereo) 4,00
36 - Kala (M.I.A.) 4,00
37 - 5:55 (Charlotte Gainsbourg) 4,00
38 - Satolep Sambatown (Vitor Ramil e Marcos Suzano) 4,00
39 - Os Ritmistas (Os Ritmistas) 4,00
40 - Curses (Future of the Left) 4,00
41 - Boxer (The National) 4,00
42 - Vanguart (Vanguart) 3,75
43 - Darkel (Darkel) 3,75
44 - Fino Coletivo (Fino Coletivo) 3,75
45 - Zeitgeist (Smashing Pumpkins) 3,75
46 - Raising Sand (Robert Plant & Alison Krauss) 3,75
47 - Down III: Over the Under (Down) 3,75
48 - Panic Prevention (Jamie T) 3,75
49 - Marina de La Riva (Marina de La Riva) 3,75
50 - Into the Wild (Eddie Vedder) 3,75

sábado, março 29, 2008

Navegando pela página da Uol, encontrei essa manchete na coluna de Humor do site:
"16 tipos de analista que você corre o risco de encontrar pela frente"
Claro que minha curiosidade foi implacável nesse momento.
O mais engraçado foi ler o nome da matéria para a qual os quadrinhos foram criados: "Como escolher o seu analista".
Minto. O mais engraçado ainda foi quando entrei no site da tal revista, para a qual foi escrita a matéria, com a expectativa de achar algo interessante. Nesse momento entendi o porque do nome Gloss.

segunda-feira, março 17, 2008



Jacaré: grupo italiano que canta samba, baião, fado... Conheci hoje numa noite casual de cerveja e amigos.
Maravilhoso e altamente recomendável.
Tive a oportunidade de presenciar o que seria Tereza Salgueiro cantando Retrato em Branco e Preto a la Elis.


É de aplaudir de pé.

domingo, março 16, 2008

Às vezes são esses pequenos dizeres que realmente dizem alguma coisa. Somando à Elis, meu pai:


"Tem que escolher o sapato do tamanho do pé, e depois troca o de couro por um de cromo alemão"

sábado, março 15, 2008

Elis Regina era intensa. É a marca dela. O que é bonito de se ver na sua participação no Programa Ensaio da TV Cultura. Lá ela canta o que vive. Ou vive o que canta, caso podemos dizer assim. Aproveito para fazer algumas daquelas palavras dela, minhas:

"As pessoas de quem eu gosto são aquelas com quem consigo conversar olhando no olho. Sem precisar ter a guarda levantada".

Assim seja, Elis.