"Não dá para ninguém se safar de uma situação dizendo: - 'Ah, só se foi o meu inconsciente'"
Adorei.
Apenas um recorte daqui.
sábado, maio 29, 2010
sábado, maio 22, 2010
sexta-feira, maio 21, 2010
segunda-feira, maio 17, 2010
quinta-feira, maio 06, 2010
Tomei emprestado este fragmento de um novo blog, empesteado em seu início de palavras de uma escritora que é das minhas favoritas. Recomendo o blog, a simpatia de sua criadora e autora (segundo ela a proposta é que vários possam escrever por lá também) e a sabedoria de vida infinda de Clarice.
Vou além: aproveito para deixar uma singela homenagem a uma pessoa que até hoje passa pela minha vida deixando marcas e me ensinando o que é o encontro. Ela concretamente não diz, mas me faz escutar: a amizade passa, sim, pelo amor. Hoje é seu dia, Jô. Continuo desejando-lhe as melhores coisas do mundo.
"Nós, agentes disfarçados e distribuídos pelas funções menos reveladoras, nós às vezes nos reconhecemos. A um certo modo de olhar, a um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e isto chamamos de amor. E então não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele corromperiam o ovo com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, àqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido advinhar vagamente".
Clarice Lispector
"O Ovo e a Galinha"
Vou além: aproveito para deixar uma singela homenagem a uma pessoa que até hoje passa pela minha vida deixando marcas e me ensinando o que é o encontro. Ela concretamente não diz, mas me faz escutar: a amizade passa, sim, pelo amor. Hoje é seu dia, Jô. Continuo desejando-lhe as melhores coisas do mundo.
"Nós, agentes disfarçados e distribuídos pelas funções menos reveladoras, nós às vezes nos reconhecemos. A um certo modo de olhar, a um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e isto chamamos de amor. E então não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele corromperiam o ovo com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, àqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido advinhar vagamente".
Clarice Lispector
"O Ovo e a Galinha"
sábado, maio 01, 2010
"Pode dizer-se contemporâneo apenas quem não se deixa cegar pelas luzes do século e consegue entrever nessas a parte da sombra, a sua íntima obscuridade. Com isso, todavia, ainda não respondemos a nossa pergunta. Por que conseguir perceber as trevas que provêm da época deveria nos interessar? Não é talvez o escuro uma experiência anônima e, por definição, impenetrável, algo que não está direcionado para nós e não pode, por isso, nos dizer respeito? Ao contrário, o contemporâneo é aquele que percebe o escuro do seu tempo como algo que lhe concerne e não cessa de interpretá-lo, algo que, mais do que toda luz, dirige-se direta e singularmente a ele. Contemporâneo é aquele que recebe em pleno rosto o facho de trevas que provém do seu tempo".
(Giorgio Agamben, O que é o contemporâneo?)
(Giorgio Agamben, O que é o contemporâneo?)
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