quinta-feira, maio 06, 2010

Tomei emprestado este fragmento de um novo blog, empesteado em seu início de palavras de uma escritora que é das minhas favoritas. Recomendo o blog, a simpatia de sua criadora e autora (segundo ela a proposta é que vários possam escrever por lá também) e a sabedoria de vida infinda de Clarice.

Vou além: aproveito para deixar uma singela homenagem a uma pessoa que até hoje passa pela minha vida deixando marcas e me ensinando o que é o encontro. Ela concretamente não diz, mas me faz escutar: a amizade passa, sim, pelo amor. Hoje é seu dia, Jô. Continuo desejando-lhe as melhores coisas do mundo.

"Nós, agentes disfarçados e distribuídos pelas funções menos reveladoras, nós às vezes nos reconhecemos. A um certo modo de olhar, a um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e isto chamamos de amor. E então não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que se voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele corromperiam o ovo com a dor pessoal. Isso não faz do amor uma exceção honrosa; ele é exatamente concedido aos maus agentes, àqueles que atrapalhariam tudo se não lhes fosse permitido advinhar vagamente".

Clarice Lispector
"O Ovo e a Galinha"

Um comentário:

Anônimo disse...

Feliz pelas palavras e tudo o mais :)... que possamos passar por "nós", sempre, nos inspirando,né?! Vc me inspira com seu blog...e todos os outros que vejo através de vc...
bjo grande,
Quel